Era uma vez na terra da Rainha Chica, vilarejo criado pelo único colunista “Falando Sério” do lugar, existia um prefeito que fora engraxate na rodoviária, mas que almejava ser um importante comunicador da massa.
Com microfone na mão conquistou a confiança da dona de casa que o escutara e com os míseros 36% dos votos válidos (isto é sem a maioria), elegeu-se alcaide dessa longínqua urbe – localizada no antigo sertão desconhecido.
Seu vice (que até agora não renunciou), e que se retirou dos holofotes para voltar lobo em pele de cordeiro, foi um dos primeiros e logo após as eleições jogar as pedras do Lajeado e do Maria Chica (rio que leva o nome da rainha), no locutor do povo.
Surpreendentemente e ao invés de recolher as pedras e construir uma barricada dos ataques que viria de todos os lados, juntou-as e distribuiu aos seus ‘amigos secretários’ que usaram contra ele. Vazamentos de e-mails, compras de gramas esmeraldas, superfaturamento de lonas e a demorada ação eficaz contra a dengue (que já matou oficialmente oito pessoas), foram algumas das pedradas.
Por ser um comunicador nato, o mínimo de que os habitantes daquele vilarejo esperava era uma explicação, mas, o silêncio causou-lhes grande espanto.
Já os jornais impressos cumprindo seu papel principal de noticiar, publicou as informações contidas nas tais pedras, deixando-o profundamente exasperado e pensativo – É amigo ou inimigo? Afinal de contas no dia da mentira publicar uma verdade? – ‘Dengue’ vira ação no Ministério Público.
Na naquela semana não seria o único infortúnio, pois, um grande jornal da região repercutiu a instalação de um inquérito civil pelo Ministério Público para apurar possíveis irregularidades na contratação de procuradores jurídicos pelo município e pela Câmara e também de funcionário para o cargo de assessor de imprensa do Legislativo, sem a realização de concurso público, onde o MP considerou:
“Considerando que há necessidade de melhor apuração dos fatos para a tomada de providências cabíveis, inclusive a eventual propositura de ação de responsabilidade civil e/ou de ação criminal em face dos responsáveis (…) o Ministério Público resolve instaurar inquérito civil com a finalidade de apurar os fatos acima descritos em todas as suas circunstâncias”.
Pois bem, a Câmara Municipal da terra da Rainha Chica terá o prazo de 30 dias, para enviar ao Ministério Público cópia da lei municipal que criou o cargo de assessor jurídico e de imprensa, bem como suas atribuições e quem ocupa essas funções atualmente.
Após três anos, o silêncio já virou atributo, mostrando-nos a cada dia que as pedras contém suas verdades. E como já disse um pensador: “Amigos, se na sua cidade tiver algum político que já disse ter sido engraxate em rodoviária – atenção – fuja e nunca mais pense em votar nele“.