Wellington Rodrigues Faria conquistou as provas de 100 e 400 metros nos Jogos Paraolímpicos Escolares disputados na capital paulista em novembro
Wellington recebendo a medalha de ouro após a competição de atletismo |
Há 15 anos, Renata Rodrigues Ferreira de Souza descobria que seu filho Wellington Rodrigues Faria com apenas seis meses tinha paraplegia ou simplesmente paralisia cerebral do lado esquerdo. O diagnóstico saiu após consulta com médico ortopedista João Carlos D´Elia que tão logo comprovou a doença.
“Eu dava alguma coisa para ele pegar com a mão direita e ele recusava pegando os objetos somente com a mão esquerda”, comenta a mãe.
Segundo Renata, a paralisia foi decorrente de uma pré-eclampsia que contraiu durante a gestação de Wellington. “A pré-eclampsia chegar ser uma doença comum entre as grávidas. Graças a Deus que o meu foi somente a ‘pré’, pois, quando se evolui para a eclampsia muitas mães morrem durante o parto”.
Já com nove meses iniciou todos os tratamentos possíveis ao pequeno garoto. Mas foi do período de três anos a 12 anos de idade, quando frequentou a Apae (Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais de Penápolis) Que Wellington fora assistido com os melhores profissionais do município. Durante o tratamento fez hidroterapia, terapia ocupacional, fisioterapia e fonoaudiologia.
Durante o período de tratamento na Apae, também foi encaminhado a AACD (Associação de Assistência à Criança Deficiente) em São Paulo com uma médica especializada em paralisia cerebral. De lá, ela orientava quais deveriam ser a terapia utilizada no garoto.
Mas foi quando estava estudando na Escola Estadual Luiza Maria Bernardes Nory, em 2012, que Wellington foi descoberto pela professora de educação física Judith Benites Nonato, a dona ‘Jô’, que o menino tinha talento para o atletismo. “Ele foi a professora com intuito de jogar futsal, mas logo ela viu uma possibilidade no atletismo”.
Logo que outra escola estadual – desta vez o Adelino Peters passou a ser referenciada como escola inclusiva, o menino mudou de ares, mas sendo acompanhado por ‘Jô’ em campeonatos escolares. Participando de etapas municipal, regional e estadual.
No ano passado, Wellington já se destacava como atleta paraolímpico, pois, ao participar de sua primeira Paraolimpíadas Escolares ficou em segundo lugar nas corridas e 100 e 300m e um honroso terceiro lugar na pelota (bola para arremesso), rendendo sua primeira convocação para a seleção paulista de atletismo.
Nas edições de 2014, o atleta foi ainda mais longe na competição que aconteceu de 24 a 28 de novembro em São Paulo. Concorrendo pela categoria T36 ele foi campeão brasileiro nas provas do 100m e 400m e vice na prova de arremesso de dardo. Nos 100m, com 14,100 segundos, bateu o índice necessário para quiçá participar do campeonato mundial.
“Eu estou ansioso para que essa oportunidade venha, eu tenho amigos que competiu no mundial e espero ter a oportunidade também de mostrar o que posso fazer em pistas lá fora”, comenta Wellington.
Por ele se destacar na modalidade recebeu do estado de São Paulo uma bolsa ‘Talento Atleta’ de R$ 450,00. Recebeu na última segunda-feira (1), moção de congratulação da Câmara Municipal de Penápolis pelo feito conquistado na capital paulista.
TRATAMENTO
Wellington, Renata e Prof. Jô, com a delegação de São Paulo nos Jogos Paraolímpicos |
Segundo Renata, Wellington precisa continuar o tratamento de reabilitação, pois senão braço e perna direita podem atrofiar com o tempo.
“Ele estava a pelo menos seis meses sem fazer nenhum tipo de trabalho de reabilitação. Precisava voltar urgente o tratamento na AACD, desta vez, em São José do Rio Preto, pois o perigo dele atrofiar é eminente”, salienta.
Ela aguarda ansiosa a clínica de reabilitação que o prefeito Célio de Oliveira anunciou para o ano que vem. “Com uma clínica aqui as coisas ficariam tudo mais fácil”.
Comenta ainda o jovem atleta sempre desafiou os médicos, pois, eles comentavam que Wellington não andaria antes dos dois anos e com um ano e meio ele estava andando.
SONHO
Wellington tem alguns sonhos. O principal deles é obter o índice para disputar os Jogos Paraolímpicos de 2016, no Rio de Janeiro. Para isso, a partir do ano que vem participará de outras competições como do circuito Caixa.
“Eu tenho que trabalhar bastante para conseguir uma classificação para os jogos. Hoje o meu tempo me deixa entre os trinta do país”.
Mas outro sonho lhe deixa todo ansioso. Ele é são-paulino e sonha em conhecer o centro de treinamento do único tri campeão brasileiro e mundial. Além de conhecer o mito e grande ídolo dos torcedores tricolores Rogério Ceni. “Pra mim ele é o maior goleiro do mundo. Jogar o que ele joga na idade dele só pra mito mesmo”.
Ele esta na expectativa de conhecê-lo já no primeiro confronto do Paulistão 2015, quando o São Paulo Futebol Clube enfrenta o Penapolense no Tenentão.