Atualmente seu trabalho está mais ligada a cultura oriental, principalmente, com a Ikebana – arte japonesa de arranjos florais
Com diversas influências, desde a cultura tipicamente brasileira com os artesanatos em barro do nordeste à cerâmicas latinas, contemporâneas e japonesas, Celina Passafaro, 59 anos, é mais uma das penapolenses que empresta seu talento a arte.
Ela é formada em Desenho e Plástica e Pós-graduada em arte e educação e tecnologias contemporâneas, ambas pela Universidade de Brasília. Durante a faculdade, se interessou pela cerâmica participando de alguns cursos em escolas de criatividade na capital federal.
“Fiz o curso e me identifiquei com a cerâmica. Na época tinha muito migrante nordestino e eles davam muita importância para o artesanato nordestino e eu fui me identificando e me deparei com a cerâmica popular do nordeste”.
Após a conclusão do curso de artes plásticas, Celina volta para Penápolis e começa a ter mais contato com o cenário ceramista na capital paulista.
“Comecei a ter contato com São Paulo, fazendo cursos de extensão, de criatividade e workshop. Lá eu tive contato com a cerâmica contemporânea e japonesa”.
Ela resume que seu trabalho é bem brasileiro, pois, consegue aliar com que tem de melhor na cerâmica tupiniquim com as diversas influências como da Europa, Estados Unidos e Latina Americana.
“Em resumo que meu trabalho é bem brasileiro. É um ‘mix’ da cerâmica latina, da cultura popular nordeste, a contemporânea e japonesa”, explica.
Celina explica que atualmente seu trabalho está mais ligada a cultura oriental, principalmente, com a Ikebana (arte japonesa de arranjos florais – onde cria uma harmonia de construção linear, ritmo e cor.
“Ela (a Ikebana) trabalha o equilíbrio entre o sol, a terra e a lua, onde o vaso e a flor não são os grandes elementos, mas existem uma harmonia entre eles”.
O trabalho com cerâmica é bem pesado. Segundo Celina, a massa cerâmica na qual ela trabalha já é preparada para o objetivo de seu trabalho – sendo ela ora mais clara, ora mais escura.
“O trabalho com cerâmica é um trabalho manual – eu modelo a peça, depois deixo secar, queimo a primeira vez, no qual chamamos de biscoito, esmaltamos a peça e depois queimamos pela segunda vez em forno de aproximadamente 1100ºC”, e completa: “Esse trabalha é extremamente demorado, pois, como tenho um forno grande, preciso de pelo menos 15 peças para queimar, então esse processo demora em torno de um mês”, comenta.
Celina tem peças espalhas pelo mundo “Quando eu fiz uma exposição no Banco Central em Brasília, diversas peças foram compradas por estrangeiros. Tenho peças nos Estados Unidos, em países da Europa, e na África do Sul”.
Arte Educadora
Celina Passafaro explica que é muito difícil viver somente da arte no Brasil, por isso mesmo, conciliou com as aulas nas escolas públicas.
“Cerâmica para mim tornou-se um hobby, mas nunca parei de fazer. Tanto é que levava meus trabalhos em paralelo com as aulas na escola pública”.
Na escola, ela começou a trabalhar cerâmica na vertente da arte educação. “Comecei trabalhando a importância da cerâmica na psicomotocidade da criança e hoje ministro oficinas para professores e crianças”.
Ela explica que como teve uma boa formação de história da arte em Brasília, tentou passar isso para as pessoas. “Tive oportunidade de passar isso para as crianças. É interessante o olhar da criança para arte. Ela gostar de arte muito palatável para adulto. Introduzi nas minhas aulas por exemplo Kandinsky e Mondrian”.
Celina salientam ainda que algumas pessoas foram importantes para estimular seu trabalho e o desenvolvimento como arte educadora.
“A Beth Bergner além de abrir as portas para expor meus trabalhos tanto em exposições individuais, como no coletivo, além disso, ela me incentivou a ir em evento de ceramistas como de Monta Verde, em Minas Gerais; a Célia Muçouçah durante o período do Itaú Cultural e o Paulo de Carvalho quando coordenador das Oficinas Culturais Silvio Russo me incentivaram a ministrar cursos tanto de artes, como, de cerâmica e modelagem e a Inês Peters que me chamou a ministrar cerâmica para professores e professoras junto a Rede CAAS”.
Exposição
Na exposição “Terra, Cor, Fogo”, Celina Passafaro apresenta 43 peças. “A comunidade respondeu bem pela exposição, isso por que as pessoas que estão coordenando são pessoas que dominam o assunto. Além disso foi bem divulgado, e quando é bem divulgado, as pessoas vem por que elas gostam do que é belo”.
Na exposição, além de Celina Passafaro está as artistas Celinha Trindade e Ana Franco que estão mostrando porcelanas e faianças pintadas em suas respectivas oficinas, num processo que envolve peças industrializadas – através de intervenção utilizam pigmentos secos que aglutinados se transformam através do fogo, em vitrificador.
A exposição ficará até 17 de dezembro, no Museu do Sul, na Rua Rui Barbosa, 798. O horário de funcionamento é das 7h às 13h.