Madeira veio do lixo e transformou em verdadeiras obras de luxo, expostas em sua nave artística
Faissal em seu ambiente de criação trabalha prioritariamente com madeira usada |
Nas últimas postagens tenho tido o prazer de contar histórias de penapolenses que através de seu trabalho tem se destacado no cenário literário, fotográfico e até militar.
Desta vez, iremos apresentá-lo um grande artista, que com sua genialidade está transformando a madeira, sua principal matéria prima, em mais pura arte.
Faissal Tessari Baracat, ou simplesmente, Fai, 52 anos é um daqueles artífices que desde cedo soube valorizar a arte. Aos 11 anos desenhava, pintava e montava suas pipas. Já aos 15, aprendeu com um amigo a tocar violão, guitarra e teclado.
Todas as profissões que exercera até então sempre teve uma ligação com a arte. Foi técnico de som automotivo, rold de bandas de rock e/ou lutier artístico para instrumentos musicais. Atualmente trabalha como montador industrial em usinas sucroalcooleiras da região.
Faissal diz que esse último trabalho o inspira muito a criar. “As 10, 15 horas que fico aqui montando as minhas peças, é simplesmente um instinto do montador que trago da usina”.
“Eu como artesão poderia pegar todas essas peças para limpar, mas não teria a mesma energia, que trago da usina quando estou trabalhando por lá”, comenta.
Desde o inicio dos anos 2000 quando Faissal tinha sua loja de luthieria no centro da cidade que ele trabalha com madeira, mas só em meados de 2009 que entendeu que poderia pegar os restos de madeira nos lixos das madeireiras e transformá-la em arte.
“Neste ano peguei poucas peças que tinha e levei comigo para Caldas Novas (GO), com a intenção de vendê-las por onde eu iria prestando serviços gerais, principalmente, nos resorts, mas voltei com todas, não tive coragem de me desfazer”, lembra.
De lá pra cá, já produziu mais de 1000 peças que ficam expostos em seu ateliê, ou simplesmente chamado de ‘Nave artística’. “Aqui dentro tem uma mistura de som, iluminação e arte, seja ela proveniente do cinema, do teatro ou da educação ambiental”.
“Dentro da nave tenho revelado desde lança, arco e flecha, até carrinhos de rolimã, porta chave, porta vinho, porta bíblia, painéis para parede e luminárias, que expostas transformam em uma verdadeira fábrica de presente”, lembra o artista.
Para Fai, a nave é um grande quadro que abarca peças como Arco 1 e Rústico 10, suas primeiras obras em madeira. Suas criações também têm muito dos desenhos herdados de sua infância, que são trabalhados com a lixadeira.
Uma de suas peças, sendo este um porta-vinho na base de um violino |
“Eu fico aqui horas e horas do meu dia e vejo boa parte de minhas produções sendo obras rústicas, exóticas e decorativas. Rústico porque minha especialidade é a madeira, exótica porque elas têm um jeito diferente e decorativo por facilmente se adaptar em qualquer canto de uma casa”, comenta.
Segundo ele, as mais de 200 obras que produziu nos últimos dois meses é fruto da vontade de fazer.
“Tudo que está aqui veio do lixo e transformou em obras de luxo tornando-se pra mim um patrimônio; Com sua diversidade e quantidade torna-se importante, sendo que a intenção é sempre transformar em arte”, disse.
Fai, também criou sua banda imaginária com os personagens em madeira. Boca, (técnico de som), Tocha (guitarra), Pescoço (teclado) e Fai (voz e guitarra), que produz o som que ambienta a nave artística. Em uma das exposições o artista criou o palco de show da banda.
DOCUMENTADO
Faissal tem o cuidado de documentar em fotografias e ou em vídeos cada peça que entra em exposição na nave artística. “Gosto de criar o ambiente que as obras vão ficar”.
Cada detalhe é registrado minuciosamente, desde o nome de cada peça, até o registro de parte por parte das obras ou exposição. “A minha intenção é criar um documentário de todo meu processo criativo do ‘Do lixo ou luxo’”, finaliza.