Uma paciente de 81 anos teve seu exame – que constatou um tipo de câncer de pele na vulva – parado por quase 30 dias na Secretaria de Saúde de Penápolis. A coleta para a biópsia foi realizada no dia 29 de agosto e somente no último dia 25 de setembro foi enviado ao laboratório de análises. O resultado que constatou a doença saiu na manhã de hoje (1º).

Antes mesmo de o resultado sair, o genro da paciente, Ezequias Sanches dos Santos, procurou o Ministério Público do Estado de São Paulo para protocolar uma reclamação formal. Segundo ele, há mais de 90 dias, se dirigiu a Secretaria de Saúde para solicitar orientações de como proceder, pois, a paciente já possuía antecedentes oncológicos.

Neste período a paciente foi atendida no Posto de Saúde da Pevi com muitas dores. Um dos médicos, antes de solicitar a biópsia orientou que a idosa deveria passar por tratamento para amenizar a situação já gravíssima com pomadas. “prescreveu pomadas, que foram usadas durante 15 dias, período em que retornamos, rogando e insistindo pelo colhimento do material”, explica Ezequias.

A paciente foi encaminhada ao posto de saúde do bairro Cidade Jardim, porém, ao examinar a genitália da idosa a médica ginecologista afirmou que não seria prudente a coleta do material naquele local, pois, haveria sério risco de hemorragia e que o caso deveria ser realizado em sala cirúrgica, com todos os aparatos de emergência.

De acordo com Santos, a ginecologista entrou em contato com a médica do Posto de Saúde da Pevi, com intuito de conseguir a internação na Santa Casa de Misericórdia de Penápolis, para realizar o procedimento. Contudo, a enfermeira do posto informou a falta de vaga no hospital e que demandaria encaminhamento para Araçatuba ou Jales.

Encaminhamento

Santos explica que após interferência de uma pessoa com prestígios políticos, a Secretaria de Saúde telefonou para a paciente pedindo que fosse, no mesmo instante, ao Centro de Especialidades do Consórcio Intermunicipal de Saúde (Cisa). “Pedi auxílio ao pastor da minha igreja que, gentil e solidariamente acompanhou a paciente até o Cisa, devidamente acompanhada pela sua filha, minha esposa”, explica ele.

Diz ainda que a sogra foi bem atendida e o médico passou diversas informações e recomendações a paciente. “Segundo ele, tratava de um câncer de pele, localizado na região vaginal, em estado avançado de desenvolvimento, invasivo e com sinais de muita gravidade. Disse ainda, que existe a possibilidade de retirada da vulva, pedindo inclusive a urgência para a realização dos exames”.

“Fui pessoalmente entregar o material para o exame na Secretaria de Saúde. Lá fui informado de que deveria aguardar o resultado dentro de 30 dias. Portanto, fui informado pelo Cisa que o material para exame teria ficado parado na Prefeitura até a última segunda-feira (25), quando finalmente foi encaminhado ao laboratório para agilizar o processo de análises”, salienta.

“Nós cremos que se desde o início tivéssemos sido encaminhado à Clinica de Especialidades, tudo já se estaria sido resolvido, uma vez que a partir do momento que a minha sogra ficou aos cuidados do Cisa houve agilidade no atendimento. Não posso dizer o mesmo da Secretaria de Saúde que tratou nossas solicitações com descaso”, finaliza ele.

OUTRO LADO

A Secretaria de Saúde de Penápolis informou que as biópsias permanecem no órgão devido não possuir contrato com nenhum laboratório para a realização do procedimento que anteriormente era realizado pelo Cisa. E que diante da urgência visualizada pelo médico que coletou a amostra, o Cisa poderia ter enviado ao seu laboratório para análise, visto que Penápolis ainda não se desligou do Consórcio, conforme estatuto.

A Secretaria salientou ainda que atualmente a prefeitura está em processo licitatório para contratação de empresa. “Mesmo não tendo o contrato efetivo, as amostras estão sendo enviadas para ao laboratório de histopatologia e citologia”.

Já com relação a idosa, a Secretaria Municipal diz que “desde que teve ciência do caso já vem auxiliando a paciente, agilizando consultas e a coleta da biópsia. Diante do resultado, a paciente será encaminhada ao CTO (Centro de Tratamento Oncológico)”, finaliza.

CISA

O Consórcio Intermunicipal de Saúde informou que não possui contrato com a Prefeitura de Penápolis, pois, havia uma pactuação para realizar os exames via Cisa, mas, após a suspensão do atendimento a fim de diminuir as despesas de Penápolis, junto ao Cisa, foi repactuada a participação do município, a pedido do próprio prefeito, em meados de julho/2018, assumindo diretamente não só os exames laboratoriais, como também medicamentos, bolsa de colostomia e curativos.

A direção do Cisa disse ainda que na data de hoje o secretário de saúde de Penápolis, Wilson Carlos Braz, entrou em contato com a coordenação para que seja feita as biopsias, pois a mesma cancelou a sua licitação sendo atendido prontamente. “esclarecemos que a participação do município de Penápolis é de suma importância para atividades desenvolvidas no Cisa”, finaliza.