Fonte de alívio das tensões do cotidiano e vazão para a criatividade estão entre os motivos que garantem o sucesso das obras
Designer gráfico Amanda Ribeiro, de 27 anos |
Ter um livro de colorir e uma caixa de lápis de cor não é mais privilégio apenas das crianças. A atividade ganha adeptos também entre os adultos tendo como objetivo aliviar o estresse do dia a dia.
Os livros trazem elaborados desenhos em contorno preto, com temáticas de plantas e animais, com espaços em branco a serem preenchidos com lápis, canetinhas, giz de cera e muita criatividade.
Por isso, passar horas em meio a florestas, mandalas e figuras abstratas significa um meio de desconectar, esvaziar a mente e partir para o mundo das cores e imaginação.
E o que você faz para aliviar o estresse? Algumas pessoas praticam lutas, outras meditam. Agora, também, você pode voltar à infância e colorir um livro. Tudo bem longe do preto e branco dos compromissos e preocupações, além de se tratar de uma atividade lúdica com um “quê” de nostalgia.
Essa é a proposta dos livros de colorir como o Jardim Secreto e Floresta Encantada, da escocesa Johanna Basford. A publicação que no Brasil foi lançado pela editora Sextante, é curiosa. São 96 páginas com desenhos dos mais variados jardins – todos em branco, esperando que o leitor pare e dê cor às paisagens. Assim, o livro de pintura para adultos ganha vida e os leitores podem relaxar enquanto interagem com os desenhos.
A designer gráfico Amanda Ribeiro, de 27 anos, que há algum tempo tomou conhecimento do livro antiestresse através de blogs e vlogs na internet garante a forma lúdica que faz o livro um sucesso.
“Com ilustrações cheias de linhas bem detalhadas, a pintura acaba sendo minuciosa assim como tricotar ou fazer crochês, que te induz a uma sensação atemporal. Por alguns minutos, eu desliguei minha mente de todas as minhas obrigações e problemas, e de uma forma lúdica, desenvolvi ali minha liberdade e criatividade, tão negada no nosso dia a dia automático e cheio de regras e burocracia” e continua: “Sem contar que trabalhar com cores, na minha opinião, é terapêutico, visto que as cores tem influências psicológica e fisiológica causando sensações. Pintar o desenho do livro também me remeteu a desenhar uma mandala, muito utilizada de forma terapêutica também”, comenta.
Ao mesmo tempo, precisam encontrar animais e pequenos objetos escondidos entre as paisagens, além de descobrir o caminho certo para pequenos labirintos – tudo, claro, colorindo.
“Outro ponto interessante é o fato de ter que encontrar alguns bichinhos no meio de todas aquelas linhas, o que torna tudo mais lúdico ainda e te trazendo de volta pra infância. Você senta no chão, faz bagunça com os lápis, resgata aquele ser criativo e de mente livre que havia se perdido aí dentro”.
Com um conjunto de lápis de cor à mão, as flores, folhas, árvores e animais tornam o livro único para cada leitor – um jardim muito dificilmente vai ser igual ao outro.
“De pedacinho em pedacinho que você vai pintando, com várias cores e tons enfim, utilizando sua criatividade e habilidades com o lápis de cor, canetinha ou qualquer outro material, sem você ver o tempo passar, o desenho de repente já está super colorido e com um resultado final lindíssimo. Eu recomendo essa viagem onde você se entrega a liberdade de seu próprio ser, deixar ali sua marca, sua personalidade dentro de ilustrações tão lindas”.
VICIANTE
Assistente financeira, Carolina Zacheu, 25 |
Traduzido para mais de dez países, tem tido destaque por conta de sua proposta. A ideia da obra é que não haja lugar para o estresse durante a interação. Assim, enquanto colore e procura por animais escondidos, o leitor abandona seus problemas e relaxa.
Para a empresária Carla Braz, 40, que ainda não comprou o livro salienta que ele também tem objetivo retornar à infância e relembra os tradicionais livros de colorir.
“Eu amei, acho que todo mundo gosta de revistar a infância e o lápis de cor nos remetem a parte mais colorida da infância. Eu mesmo só ganhei uma caixa de 24 cores na quarta série de presente de aniversário de 10 anos. Quando eu comprar vou usá-lo pra me divertir. Pra me enviar pra aquela época novamente. Não vejo a hora de ir buscar o meu”.
Já para a assistente financeira, Carolina Zacheu, 25, o livro é completamente viciante e envolvente. “É algo em que começa a pintar e não querer parar mais, faz você viajar para outro mundo, um mundo somente seu, onde você colore e imagina do jeitinho que você quer. Ele é intrigante, com isso de ser um jardim secreto, tenho certeza que no fim vai ter algo, por isso não vejo a hora de terminá-lo” e completa: “Ele possui detalhes fantásticos, muito bem elaborado; é uma leitura diferente mais como eu disse: envolvente. Ele é antiestresse, pois, com toda certeza fico horas viajando neste universo colorido e me esqueço de tudo. Super recomendo”.
PSICÓLOGA AFIRMA QUE LIVRO PERMITE TEMPO DE PRAZER E DIVERSÃO PARA ADULTOS
Psicóloga Mariana Nogueira, 25 |
Colorir é uma atividade que costumamos associar às crianças. Conforme crescemos, vamos deixando de lado as canetas e os lápis de cor – a não ser para marcar textos. Mas a atividade de colorir pode ter benefícios para os adultos graças a suas propriedades desestressantes. Ela gera bem estar, tranquilidade e estimula áreas cerebrais ligadas à motricidade, aos sentidos e à criatividade.
A psicóloga Mariana Nogueira, 25, Clínica Comportare salienta que seus pacientes estão usando esses tipos de livros – que não é conhecido como estratégia terapêutico mas promove a distração. “Ele não é de fato terapêutico mas ajuda na distração. Na abordagem que eu trabalho – cognitiva comportamental – é uma abordagem de terapia breve que tem como finalidade a mudança de vários padrões de comportamento, onde trabalho na reestruturação de pensamentos que são disfuncionais e que interferem no nosso comportamento, com isso, não é uma situação que determina as emoções e comportamentos de um indivíduo, mas sim suas cognições ou interpretações a respeito dessa situação” e continua: “Esse tipo de artifício permite ao individuo um tempo de prazer e diversão, que foi esquecido por ser adulto – adulto não pinta e nem desenha mais né? – resumindo, ele alivia o stress sim”.
Ela comenta que indicou os livros a alguns pacientes. “Eles estão adorando, o resultado tem sido bastante relevante, pois, ele ajuda no stress e principalmente no desenvolvimento cognitivo. é uma estratégia lúdica e divertida que além de promover o desenvolvimento cognitivo ajuda no controle do stress e da ansiedade e estimular o desenvolvimento cognitivo, coordenação motora, percepção visual e atenção”.