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OS BASTIDORES DO PODER

Alguns fatos que estão pela superfície…

Há mais de 15 dias, nós jornalistas, fomos surpreendidos por volta das 16h, de uma sexta-feira, 29 de maio, com a informação de que a Santa Casa iria suspender novas internações hospitalares. Corremos ao Fórum de Penápolis, pois, os irmãos remidos e os diretores, capitaneados pelo vice-prefeito de Penápolis, Ricardo Castilho, iriam protocolar o comunicado junto ao juiz de direito, Dr. Heber Gualberto Mendonça, da 4ª Vara.
No sábado, 30, a Prefeitura realizou a 6ª Conferência Municipal de Saúde, na Funepe (Fundação Educacional de Penápolis) e, tanto o prefeito Célio de Oliveira e o promotor de justiça, Fernando Cesar Burghetti falaram sobre o assunto, sendo o promotor o mais incisivo.
“Quero deixar um recado para as autoridades que fazem saúde pública nesta cidade. Não se esqueçam da população, o povo, parem de politicagem pelo amor de Deus”.
Na segunda-feira, 1 de junho, o promotor de justiça, usando de suas atribuições com muita agilidade, instaurou um Inquérito Civil para averiguar a suspensão, bem como, solicitou ao juiz de direito Dr. Heber, a abertura de uma Ação Civil Pública contra a Irmandade da Santa Casa, que no mesmo dia foi indeferido.
O juiz entendeu que suspensão dos atendimentos feita pela a Irmandade foi correta devido a entidade ser de cunho filantrópico e, portanto, dependente de ajuda alheia, principalmente, de verbas públicas.
Outra atitude do promotor foi enviar um ofício ao prefeito Célio de Oliveira, recomendando que adotasse as providências possíveis no sentido de manter o atendimento à população, quiçá com a intervenção¹ na Santa Casa de Penápolis.
Pois bem, prefeito Célio de Oliveira sem tomar conhecimento da decisão do juiz, preferiu intervir na Santa Casa de Misericórdia, destituindo a direção e o Conselho Gestor dos Irmãos Remidos, entre eles, o superintendente Antônio Crozatti e o Administrador Hospital Roberto Bastos.
No decreto, o prefeito Célio de Oliveira declarou Estado de Calamidade Pública no setor hospital, onde deu-lhes poder de comprar qualquer tipo de medicamentos, produtos ou serviços sem a necessidade de licitação, além disso, nos próximos 18 meses de intervenção, ficou facultado ao gestor-presidente a possibilidade de contrair empréstimos ou financiamento em qualquer instituição financeira em nome da Irmandade.
Nossa que bacana né!? Agora o prefeito Célio de Oliveira é o nosso Sassá Mutema? o nosso Salvador da Pátria? Definitivamente não é!
Outros fatos que estão nas profundezas…
Fazendo meu papel de repórter em poucos minutos podíamos perceber que aquela suspensão não era meramente uma simples suspensão por falta de medicamentos. Era sim, uma decisão política, visto que, dois dias antes a Santa Casa de Misericórdia figurava nas manchetes dos jornais da cidade e da região – ‘Auditoria na Santa Casa’ e ‘Transparência na Santa Casa’.
A Irmandade era o único reduto que o vice-prefeito Ricardo Castilho [o mesmo que não renunciou], tinha para continuar na vida política da cidade, principalmente, para manter contato com antigos aliados através do ex-administrador hospitalar, Roberto Bastos, atual tesoureiro do Partido dos Trabalhadores.
Desde 2013, o prefeito Célio de Oliveira desejava indicar alguém de sua confiança para o gerenciamento do hospital, entretanto, nunca fora atendido. Esse ressentimento o fez dar xeque-mate em seu vice.
Essa briga política vem desde meados da campanha eleitoral de 2012, quando os dois antes mesmo de assumirem o mandato já haviam rompido relações.
Tanto é que após a intervenção, o prefeito foi ao rádio usando de sua habilidade comunicacional para “pedir” ajuda à Santa Casa de Misericórdia, no projeto ‘Santa Casa Viva’. A pergunta fica: Por que não ajudou antes?
O que fica nas entrelinhas é que Célio de Oliveira quer a muito tempo colocar a Santa Casa nas mãos de uma OSs (Organização Sociais de Saúde). Porém, vira é mexe essas organizações são alvos de denúncias de corrupção em contratos com o governo do Estado de São Paulo. O que pode acontecer nos próximos 18 meses!
Além disso, a atual gestão terá todos os poderes para contrair empréstimos e financiamentos em nome da Irmandade. Isto é, poderá fazê-lo com valores astronômicos, consertando problemas crônicos como as compras de transformadores e geradores novos, a colocação de ares condicionado em toda a ala SUS, bem como, a reforma e pintura do prédio.
Porém, após os 18 meses quem vai pagar a conta dos empréstimos? Pois, se feitos serão em nome da Irmandade. Não tenho dúvidas que essa conta serão pagos por todos nós!
Enquanto isso…
Como fizera com a Casa de Apoio de Penápolis em Barretos, o prefeito Célio de Oliveira tentará usar a Santa Casa de Misericórdia para garantir a sua reeleição em 2016.

Por fim, quero deixar claro que a ideia desse texto é relatar os bastidores do poder – simplesmente os bastidores, sem fazer juízo de valor quanto ao fechamento do hospital para novas internações. 

[1]Pelo histórico ditatorial que a palavra Intervenção carrega, ela deveria ser banida do nosso dicionário. 


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