Desde 2011, quando conheci a história de Joicy, uma cabeleireira moradora do interior de Pernambuco, que aos 51 anos nascera de novo, após, fazer a mudança de sexo; compreendi que a transexualidade ou identidade de gênero não é modinha ou simples opção.
Existem dois sexos, mulher e homem, e dois gêneros, feminino e masculino. Embora a maioria das mulheres se reconheçam no gênero feminino e a maioria dos homens no masculino, isto nem sempre acontece. Naturalmente, existem pessoas que nasceu com sexo biológico discordante do gênero psíquico. Daí os termos travestis e transexuais, ou transgêneros.
Vale ressaltar que identidade de gênero é diferente de orientação sexual, pois, a orientação se refere a como nos sentimos em relação à afetividade e sexualidade de outros a quem nos relacionamos. Já a identidade de gênero faz referência a como nos reconhecemos dentro dos padrões de gênero estabelecidos socialmente.
Pois bem, depois desse preambulo, que nos conceitua o que é definitivamente identidade de gênero, quero abordar o que aconteceu na noite de segunda-feira (14), na Câmara Municipal de Penápolis.
Após, aprovarem por unanimidade o belíssimo Plano Municipal de Educação elaborado com muito diálogo, principalmente, com a realização de uma conferência municipal [que teve a participação de diversas camadas da sociedade, entre eles, os professores, estudantes e pais], os vereadores [todos os 13] aprovaram uma emenda totalmente discriminatória com os trasvestis e transexuais. Simplesmente tiraram o termo “identidade de gênero” e a palavra “gênero” de todo o texto.
Em pleno século XXI, onde o mundo está cada vez mais retrógrada, infelizmente não podíamos esperar outra atitude senão essa. Porém, conhecemos, ou pelo menos, conhecíamos pessoas que antes de assumir a vereança, tinha um papel de destaque na militância das políticas públicas das crianças e adolescentes ou da primeiríssima infância e que conhece de perto a realidade de meninos e meninas que não se reconhecem em seus próprios gêneros; ou de militante cultural que sabe que a arte é uma das poucas portas que aceitam o travestis como ele realmente o é, esperaríamos uma posição vanguardista, que mesmo perdendo preservaria os seus ideias e convicções intactas.
Mas, como minha mãe diz, em seus diversos ditados: “A ocasião faz o ladrão” e esperar que esses e outros parlamentares fossem contra a maioria conservadora que paira nas casas legislativas dos municípios, estados e no próprio governo federal é pedir demais, né!? Afinal de contas, a eleição municipal está batendo a porta e votar a favor da minoria descriminada e perder votos de uma maioria repressora. Sabe porque digo isso!?
Porque a nossa queria Joicy do início desse texto, após, fazer a cirurgia e voltar para sua cidade, foi descriminada perdendo todos os seus clientes, a ponto de passar fome.
É isso mesmo que queremos para nossos transsexuais!? Pois, se não poderemos garantir uma orientação educacional de gênero nas escolas ou apoiar políticas de evasão motivadas por preconceito e descriminação á orientação sexual ou à identidade de gênero onde mais poderemos avalizar? Nas ruas??
Infelizmente esse é mais um retrocesso que a Câmara Municipal de Penápolis corrobora para uma sociedade mais injusta e preconceituosa. Veja quem assinou: